sexta-feira, 25 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Poema Para Gente Desconhecida 5

Camisa Nove.
Novamente a amarelinha, que não é minha, desfila altiva.
Viva a pátria de chuteiras.
Dos campinhos de terra de molecotes de pés descalços.
Dos shorts puídos.
Da fome da pelota.
Enquanto a maloca onde vive, vive outro jogo.
O jogo do embate contra a sensação esfomeada do prato sem feijão.
O arbitro injusto não marca pênalti diante da falta.
Falta de esperança.
Falta de futuro.
Falta da falta.
É difícil bater escanteio e marcar o gol.
O molecote precisa de inúmeros dribles perante os carrinhos maldosos.
Perante á indiferença do bandeirinha.
Perante os clamores da torcida contrária.
E o gol?
O gol foi anulado injustamente.
E a derrota vem com aplausos absurdos.
O molecote da camisa Nove é implacável.
A partida não acaba nas quatro linhas.
Sua vida tem traços bem maiores que os da realidade que se impõem.
O campo é infinitamente mais extenso do que aquele diagramado dos estádios.
O sonho desconhece as tristezas.
E num dias desses, sem bola e chutes.
A camisa Nove do esquecido.
Terá tido o valor de quem vive no torneio dos enfrentamentos.
Dedicado ao Camisa Nove do meu Brasil.