terça-feira, 7 de dezembro de 2010

""Peso é Peso"" Tuco e Batalhão de Sambistas.

Poemaparagentedesconhecida 33

Imponente, majestoso.
Braços cruzados, vistoso.
É ser.
E serei eu, curioso.
Tentando saber as horas do seu relógio.
07/12/2010.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Poemaparagentedesconhecida 32


Esse pombo não é meu.
Nem será.
Esse pombo que vejo.
Ninguém mais verá.
Esse pombo tem dono!
25/09/2010
Dedicado ao meu pai Angomilandê.

Poemaparagentedesconhecida 31



Senhor das brancuras.

Dos autos, acima das minhas alturas.

Seja branco, seja pombo.

Voando sobre nossas curas.

25/09/2010

Dedicado ao meu pai Angomilandê.

sábado, 2 de outubro de 2010

Poemaparagentedesconhecida 30

Foto:Alessandro Dornelos
Esse pandeiro tem dono.
Respeite essa batida, tida ancestral.
Se o dono der o aval.
Não banalize, não seja banal.
Cante alto sem ser maior que o canto.
Se souber mais do que pensa que sabe, abaixe o nariz.
Esse tamborim tem dono.
Que tocando o cabrito, tira dele um grito e diz:
_A vida é um tamborim á espera das mãos sem vaidades.
3/10/2010
Dedicado ao meu Mestre Fernando Paiva.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Poemaparagentedesconhecida 29

Foto: Alessandro Dornelos
Menina da trança perfeita.
Se agacha tocando a infância.
Enquanto meus olhares distantes.
Tentam buscar o menino que eu era.
E ainda sou.
No uniforme adulto das cheganças inevitáveis.
01/10/2010
Dedicada a essa menina linda.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Poemaparagentedesconhecida 28.

Foto:Alessandro Dornelos
O abraço do pai.
O abraço de pai.
É afago que afaga.
É sempre uma saga que segue na aba do tempo.
O pai é o tempo escorrido na pele.
A criança é o dia bravio domado nas crinas dos colos.
Falta-se o solo.
A mão silenciosa ergue o corpo diminuto.
E o mundo agiganta-se.
Deixando para trás os pequeninos pés soltos rente ao peito do seu escudeiro.
28/09/2010
Dedicada a essa menininha linda que ''foi'' assistir o show do Mestre Jair Rodrigues.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Escutando:


""Fim de Semana em Mangueira"" (Preto Rico).
Obrigado pela letra Mestre Carica.

Poemaparagentedesconhecida 27

Chama mãezinha para ver o truque.
Chama mãezinha para ver o muque.
Mãezinha aprova a gastura .
Mãezinha incentiva e arquiva sendo fiel á costura.
Costura de linha imaginária sem represália.
Mãezinha dos cabelos crespos, encaracolados de tanta leitura.
A essa altura jura pelo deus dos atabaques a sina que depura.
Ser mãezinha de sambista,conquista dadivosa.
Mãezinha compositora comprando o nascimento da prosa.
Mãezinha dolente, poente suave –zadora da dor parental.
Mãezinha reconhece bem o bem desconhecendo o mal.
O samba chora gemidos aguerridos contra conquistadores.
O samba não se rende ,nem se vende aos comprositores.
A mãezinha sabendo disso faz rebuliço,faz feitiço .
Desata as bravatas pondo fim no enguiço.
Chama mãezinha partideira de faca e prato sem pranto.
Chama mãezinha cantadora, doutora em banzo, em banto.
Seus olhares são tantos quantos ela pode querer e quiser.
Ser vestida com a chama de mulher.
Chama a mãezinha e ofereça rosas nuas.
A chama queima e as fagulhas ,são suas.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Procure e veja: Obras de Rubem Valentim.














Definindo rumos
Rubem Valentim nasceu em Salvador (BA) no ano de 1922 e faleceu em São Paulo em 1991.
Autodidata, começou a pintar em meados da década de 1940 quando, ao lado de outros então jovens artistas, contribuiu para o movimento de renovação do panorama cultural baiano.
Formado em Odontologia, exerceu por alguns anos a profissão, da qual foi-se afastando gradativamente por volta de 1948 para se consagrar cada vez mais à pintura. Nesse mesmo ano ingressou no Curso de Jornalismo da Universidade da Bahia, que concluiu em 1953.
A primeira vez
Em 1949 participou pela primeira vez de uma coletiva - o Salão Baiano de Belas Artes, no qual seria premiado em 1955 -, e em 1954 fez a sua primeira individual, na Galeria Oxumaré de Salvador.
Artista dotado de grande originalidade, já então praticava uma pintura não-figurativa de base geométrica, num tempo e numa cidade em que o abstracionismo não era bem aceito.
Do Rio à Europa
Transferindo-se em 1957 para o Rio de Janeiro, Valentim passou a participar ativamente da vida artística dessa cidade e da de São Paulo, expondo em inúmeras coletivas, salões e certames, como a Bienal de São Paulo, o Salão Paulista de Arte Moderna (medalha de ouro em 1962).
No Salão Nacional de Arte Moderna ganhou o prêmio de viagem ao estrangeiro em 1962. Com esse prêmio embarcou em 1963 para a Europa, fixando-se em Roma após visitar vários países.
Na capital italiana permaneceria três anos, realizando em 1965 uma individual na Casa do Brasil, além de participar de algumas coletivas.
Em Brasilia, o mestre
Em setembro de 1966, após tomar parte no Festival Mundial de Artes Negras de Dacar (Senegal), retornou ao Brasil e se fixou em Brasília, atendendo a convite para dirigir o Ateliê Livre do Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília, função que desempenharia até 1968.
No mesmo ano do regresso participou com sala especial da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador.
As exposições
Nos próximos 20 anos, sempre residindo em Brasília, com fugas episódicas a São Paulo ou a outras cidades brasileiras, Rubem Valentim integrou importantes coletivas realizadas no País ou no exterior, entre elas a Bienal de São Paulo (prêmios de aquisição em 1967 e 1973), a Bienal de Arte Construtiva de Nuremberg (Alemanha, 1969), o Panorama de Arte Atual Brasileira (MAM de São Paulo, 1969), a II Bienal de Arte Coltejer (Medellín, Colômbia, 1970), o Salão Global da Primavera (Brasília, 1973 - prêmio de viagem à Europa), Artes Plásticas Brasil-Japão (Tóquio, 1975), Visão da Terra (MAM do Rio de Janeiro, 1977), Geometria Sensível (MAM do Rio de Janeiro, 1978) etc. Do mesmo modo, expôs individualmente em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Cuiabá, destacando-se as mostras de 1970 no MAM do Rio de Janeiro (31 Objetos Emblemáticos e Relevos-Emblemas de Rubem Valentim) e as de 1975 e 1978 em Brasília - Rubem Valentim: Panorama de sua Obra Plástica e Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim -, organizadas, ambas, pela Fundação Cultural do Distrito Federal.
Manifesto, aindaque tardio
O artista divulgou em 1976 importante documento em que explicava as origens de sua arte e as metas a que aspirava, intitulando-o adequadamente Manifesto Ainda que Tardio, e do qual extraímos algumas significativas passagens:
«Minha linguagem plástico-visual signográfica está ligada aos valores míticos profundos de uma cultura afro-brasileira (mestiça-animista-fetichista).
«Com o peso da Bahia sobre mim - a cultura vivenciada; com o sangue negro nas veias - o atavismo; com os olhos abertos para o que se faz no mundo - a contemporaneidade; criando os meus signos-símbolos procuro transformar em linguagem visual o mundo encantado, mágico, provavelmente místico que flui continuamente dentro de mim.
«O substrato vem da terra, sendo eu tão ligado ao complexo cultural da Bahia: cidade produto de uma grande síntese coletiva que se traduz na fusão de elementos étnicos e culturais de origem européia, africana e ameríndia.
«Partindo desses dados pessoais e regionais, busco uma linguagem poética, contemporânea e universal, para expressar-me plasticamente. Um caminho voltado para a realidade cultural profunda do Brasil - para suas raízes - mas sem desconhecer ou ignorar tudo o que se faz no mundo, sendo isso por certo impossível com os meios de comunicação de que já dispomos, é o caminho, a difícil via para a criação de uma autêntica linguagem brasileira de arte. Linguagem pluri-sensorial: O sentir brasileiro.
«Uma linguagem universal, mas de caráter brasileiro com elementos de diferenciação das várias, complexas e criadoras tendências artísticas estrangeiras.
«Favorável ao intercâmbio cultural intensivo entre todos os povos e nações do mundo; consciente de que as influências são inevitáveis, necessárias, benéficas quando elas são vivas, criadoras, sou entretanto contra o colonialismo cultural sistemático e o servilismo ou subserviência incondicional aos padrões ou moldes vindos de fora.
«A iconologia afro-ameríndia-nordestina-brasileira está viva. É uma imensa fonte - tão grande quanto o Brasil - e devemos nela beber, com lucidez e grande amor. Porque perigos existem: como o modismo; as atitudes inconseqüentes, inautênticas, os diluidores com mais ou menos talento, mais ou menos honestidade, pouca ou muita habilidade, sendo que os mais habilidosos e vazios são os mais danosos, porque geradores de equívocos; as violentações caricatas do folclore do genuíno; as famigeradas "estilizações" provincianas e o fácil pitoresco que levam a um subkitsch tropicalizado e ao efeitismo subdesenvolvido.
«Intuindo o meu caminho entre o popular e o erudito, a fonte e o refinamento - e depois de haver feito algumas composições, já bastante disciplinadas, com ex-votos, passei a ver nos instrumentos simbólicos, nas ferramentas do candomblé, nos abebês, nos paxorôs, nos ocês, um tipo de fala, uma poética visual brasileira capaz de configurar e sintetizar adequadamente todo o núcleo de meu interesse como artista.
«O que eu queria e continuo querendo é estabelecer um design (Riscadura Brasileira), uma estrutura apta a revelar a nossa realidade - a minha, pelo menos -, em termos de ordem sensível. Isso se tornou claro por volta de 1955-56 quando pintei os primeiros trabalhos da seqüência que até hoje, com todos os novos segmentos, continua se desdobrando.
«Minha arte tem um sentido monumental intrínseco. Vem do rito, da festa. Busca as raízes e poderia reencontrá-las no espaço, como uma espécie de ressocialização da arte, pertencendo ao povo.
«É a mesma monumentalidade dos totens, ponto de referência de toda a tribo. Meus relevos e objetos pedem fundamentalmente o espaço. Gostaria de integrá-los em espaços urbanísticos, arquitetônicos, paisagísticos.
«Meu pensamento sempre foi resultado de uma consciência de terra, de povo. Eu venho pregando há muitos anos contra o colonialismo cultural, contra a aceitação passiva, sem nenhuma análise crítica, das fórmulas que nos vêm do exterior - em revistas, bienais, etc. E a favor de um caminho voltado para as profundezas do ser brasileiro, suas raízes, seu sentir. A arte não é apanágio de nenhum povo, é um produto biológico vital.»
As origens africanas
Rubem Valentim partiu de uma pintura que revelaria, no começo, fortes influências parisienses; mas, olhando para dentro de si mesmo em meados da década de 1950 passou a utilizar, como matéria-prima do seu fazer estético, sua ancestralidade africana, o atavismo negro a que se referiria em 1966 o crítico italiano Giulio Carlo Argan, para quem a arte do brasileiro corresponderia a uma "recordação inconsciente de uma grande e luminosa civilização negra anterior às conquistas ocidentais".
E o fez sem nenhuma concessão ao folclórico, ao turístico ou ao pitoresco, antes interpretando a simbologia ritualística de seus antepassados em termos de visualidade pura.
Concretismo e construtivismo
A fixação no Rio de Janeiro, em 1957, quando ia no apogeu o movimento concretista, reforçou, em Valentim, a necessidade construtiva, que já existia desde o início, aliás: mesmo sem se filiar ao movimento, Valentim sentiu-lhe o impacto benéfico, passando a estruturar ainda com maior rigor suas obras, atenuando-as porém pelo colorido sensual e profundo.
A permanência européia, de 1963 a 1966, revelou-lhe novas experiências e pesquisas - das quais tomaria conhecimento sem abrir mão contudo das próprias convicções estéticas.
A arte semiótica
Finalmente, passando a residir em Brasília e possivelmente influenciado pela espacialidade característica da cidade, sentiu a necessidade de recortar, do suporte bidimensional da pintura, seus símbolos e signos, concedendo-lhes a vida autônoma de objetos tridimensionais.
Sua pintura transformou-se, assim, em totem, altar, estandarte, escultura pintada, objeto emblemático eivado de uma grave e recôndita religiosidade.
Dessacralizador de fetiches e de objetos rituais, aos quais imprime os contornos de uma semântica peculiar, Rubem Valentim tem sido considerado por alguns estudiosos, entre eles José Guilherme Merquior, o pioneiro de uma arte semiótica brasileira.
Em 1994 sua obra foi objeto de uma bem cuidada retrospectiva no Centro Cultural Banco do Brasil, do Rio de Janeiro.
Fonte: CD-Rom 500 Anos da Pintura Brasileira..
http://www.pitoresco.com.br/brasil/valentim/biografia.htm 16/09/2010 21:51

Poemaparagentedesconhecida 26

O doce mais doce.
Mais doce que o próprio doce.
E mesmo assim sendo tão doce.
Quem me trouxe a guloseima.
Sabe da doce estratagema.
Conserva o doce mais doce num poema.


16/09/2010
Dedicado a loja Hachimitsu.

Poemaparagentedesconhecida 25






Faz do muro um mural de arte.
Quem passa pouco observa os temas esculpidos no cimento.
Quem passa esquece do momento.
Sem o vislumbre dos monumentos citadinos.
E poucos compreendem que museus á céus abertos.
Vivem de obras anônimas.
Esquecidas num canto de rua transitável.
16/09/2010
Quem passar pela Rua Oswaldo Cruz verá essas pinturas feitas de cimento e cores espalhadas no muro desse artista.

Poemaparagentedesconhecida 24


Pátio San Miguel.
Falta-me papel, o chão e o céu.
Para descrever o escarcéu.
Vindo da sua cozinha de cheiros eternos.
16/09/2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Escutando nesse momento:


Vânia Carvalho.
1 - O importante é ser feliz (Ruy Quaresma)
2 - Mente ao meu coração (Francisco Malfitano)
3 - Minha honestidade vale ouro (Nelson Cavaquinho - Guilherme de Brito)
4 - Lamentação (Mauro Duarte)
5 - Quando o samba acabou (Noel Rosa)
6 - Nelson Cavaquinho (Egberto Gismonti - Paulo César Pinheiro)
7 - Pranto (Francisco Santana)
8 - Peito vazio (Cartola - Élton Medeiros)
9 - Prova de carinho (Adoniran Barbosa - Hervé Cordovil)
10 - Unha de Gato (Élton Medeiros - Antônio Valente)
11 - Eu e meu eu (Everaldo da Viola)
12 - Saudade demais (Arthur Verocai - Paulinho Tapajós)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Poemaparagentedesconhecida 23

Foto: Renata Reis
O Outro é ele mesmo.
Mesmo que o outro não saiba.
Ele é o outro divagando no beiral da encosta.
E mesmo que o outro desconheça esse homem de chinelos brancos e horizontes azuis.
Ele é outro que olha a si enxergando outra pessoa.
6/9/2010

Poemaparagentedesconhecida 22

Foto:Alessandro Dornelos
Luta de areia.
Que a sereia protege.
Emerge do seu canto molhado.
Faz da sua canção um dobrado.
De pés.
De marés.
Tendo no seu convés.
Um viés de briga.
Recheada de areia nos corpos.
6/9/2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Poemaparagentedesconhecida recomenda: Wander Piroli



Biografia
Wander Piroli
Nasceu em 1931, em Belo Horizonte, MG. Jornalista e escritor, começou na literatura ao inscrever, em 1951, um conto num concurso da prefeitura. Era O Troco.
Ganhou o concurso e não parou mais. Publicou seu primeiro livro de contos, A Mãe e o filho da Mãe, em 1966, pela Imprensa Oficial, um dos marcos de sua carreira. Inciou como ficcionista escrevendo para adultos, no entanto, foi na literatura infanto-juvenil, a partir da publicação de O Menino e o Pinto do Menino (1975), que o seu nome ficaria ainda mais conhecido.
A história, uma das mais comoventes do gênero já escritas no País, surgiu em 1972, quando o seu filho Bumba, então no jardim da infância, ganhou um pinto e o levou para casa. Chateado com a inesperada situação, pois viu que o bicho iria morrer. O livro teve até hoje mais de 30 edições. No ano seguinte publicou uma história infantil, Os rios morrem de sede, com o qual ganhou o Prêmio Jabuti de 1977. Estes dois últimos livros forma traduzidos para o búlgaro. Ainda para crianças e adolescentes, publicou Macacos me mordam (1978); Os dois irmãos (em 1980) e Nem pai educa filho (1998). Um fato interessante na sua carreira literária é que embora tenha estreado na literatura com um livro dirigido ao público adulto, em 1966, só voltaria a escrever para gente grande em 1980, quando lançou A Máquina de Fazer Amor. Cinco anos depois, também no mesmo gênero, saiu Minha Bela Putana, pela Nova Fronteira, do Rio, ao qual se seguiu o volume Os Melhores Contos de Wander Piroli, que foi lançado pela Global, em 1996. Apesar de celebrado por seus pares, amigos como João Antônio, Fernando Sabino, Antonio Torres, Ari Quintella e Roberto Drummond, ele amargou um certo ostracismo nas últimas décadas de vida. Faleceu em 06/06/2006.



http://www.tirodeletra.com.br/biografia/WanderPiroli.htm26/08/2010 02:02



Poemaparagentedesconhecida 21

O senhor trouxe as folhas que lavou meu sangue diante do Sangalavô.
Suas mãos precipitavam um ar de Malva Cheirosa.
O tempo inteiro os pés de Dendezeiro balançavam ventos inquietos.
Depois percebi que era um sopro vindo de Angola, do Congo, do Alecrim do Campo.
O meu verso submerso nas raízes da Embaúba fizeram do Chapéu de Couro um estouro esverdeado.
O São Gonçalinho forrou o chão de pisadores, de dores, de amores, de clamores negros.
A Gameleira Branca Abranda Fogo, abranda tristeza, Comigo ninguém pode.
O senhor das folhas quinou meu destino nos pés do Pai Katendê.
Ele viu meu sorriso amargo e adocicou meus passos futuros.
Nasci das suas ervas, das canções que incluíam manjericões roxos e guinés.
Deitei-me no tapete de Oxalá olhando as patas de vacas floridas.
As folhas foram minhas guaridas em mundo tão cru.
Enfeitei-me de Pinhão Roxo, Mamona e Papo de Peru.
O Senhor das folhas vestiu seu melhor traje.
E falou palavras que eu desconhecia.
Só soube do seu sentido quando enfim havia sentido as suas mãos de natureza.



Dedicado ao Tata Ixiângue.
Meu respeito, meu amor, minha consideração a quem aprendi a admirar.
Queria ter conhecido o senhor a mais tempo.
Grande abraço e feliz aniversário.
26/08/2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Tributo do Poemaparagentedesconhecida ao Centenário de Noel de Medeiros Rosa.


Noel Rosa

Noel de Medeiros Rosa nasceu nos recantos onde o samba gorjeava um lirismo profundo, sua musica tornou-se um elo forte e consistente entre o morro e as sonoridades do asfalto, sua personalidade transcendeu estigmas, rótulos ou quaisquer definição a respeito do homem nascido no terreiro de Vila Isabel.
O samba surgido dos cânticos negros, ferramenta de resistência em território inóspito onde a africanidade ressurge em cada batuque, em cada sincopado, em cada pernada carioca, em cada surdo, é agora reinterpretado pelas mãos audaciosas e pelo rosto de alguém com a mandíbula afundada nas composições rodeadas de maestria, seja nos versos ou nas melodias concebidas no parto regado a noitadas e cantos boêmios.
Muitos escolhem o samba, mas poucos são escolhidos, a classe media de Noel não foi empecilho para que ele próprio vestisse os ardonos que tanto lhe caíram bem, a aura de sambista nato foi à responsável pela criação segura de palavras imortalizadas, o tempo conseguiu cristalizar na memória a personificação de alguém que soube extrair do violão, do bandolim, das cordas vocais um encantamento profundo e sagaz.
A entrada na Faculdade de Medicina e sua inconclusa finalização deram prova de como um chamado invisível torna-se uma reviravolta presencial, a presença nos botequins revestida de inspirações cotidianas e urbanas impregna-se no imaginário de Noel, ele á sua maneira canta as mazelas, as tragédias e, sobretudo a atuação de gente simples e oriunda do Salgueiro, Mangueira e tantos outros redutos periféricos.
Falar de Noel é abrir um leque de variedades, a vastidão dos seus incansáveis temas passeia desde a influência do Positivismo até as brigas musicais com Wilson Batista, a malandragem assumiu em Noel outra característica, não o da personificação visual, mas sim o simples modo de encarar a vida com seus obstáculos e tentáculos que dilaceram as camadas pobres do seu Rio de Janeiro.
A busca pela próxima empreitada musical vinha da analise dos pequenos e dos grandes acontecimentos vistos através de suas lentes, na mente de Noel um episodio comum transformava-se em uma declaração pessoal, isso fica exemplificado quando sua mãe esconde suas roupas sem a mínima possibilidade de ir ao baile, nascia assim à composição ‘’Com que Roupa’’ e ao mesmo tempo ele _Noel_ colocava em pratica o exercício de modificação das coisas mais singelas em perolas requintadas.
A tuberculose insinuou seus últimos suspiros, mesmo a prescrição medica que o sugeria um clima mais propicio á sua condição doentia, nem as recomendações que decretavam o fim do uso de cigarros, bebidas e samba, nada disso importava ao universo de Noel Rosa, pois seu pior sofrimento era o impedimento de circulação onde ele mais se sentia bem, não sentar a beira da mesa e observar atentamente as cabrochas é como tirar o coração de um homem que vislumbrava a apoteose das desgraças num mesmo lugar.
Como se não bastasse à fornalha de invenções musicais, Noel vendeu inúmeras letras a quem a voz conhecida do radio assumia a paternidade esquecendo-se do principal criador, gente como Mário Reis e Francisco Alves tornaram-se porta-vozes dos ares corrompidos de estrofes perambulantes nos caminhos de navalhas, chapéus panamá e lenço branco.
Havemos de lembrar-se do pessoal do Estácio, do Mano Edgar, Bide, Marçal, Brancura, da Portela de Paulo Benjamim de Oliveira, de Ventura, Alvaiade, Francisco Santana, do Salgueiro de Noel rosa de Oliveira, Geraldo Babão, Anescar, Antenor Gargalhada, do Império Serrano de Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola, Mestre Fuleiro, Molequinho, e havemos de lembrar-se do Noel Rosa, centenário e figura permanente nas rodas de conversa onde a prosa que circula de boca em boca retrata o passado de um homem que não conseguia ser egoísta, e dividia sem miséria a sua voz eloqüente.
Noel rosa das Lindauras, das Cecis, das mulheres faceiras com seus vestidos endiabrados, da fita amarela que ainda tem o mesmo balanço nas cadeiras, do feitiço da vila arrastando multidões sob a tutela do ritmo negro. Noel dos gagos apaixonados, do feitio de oração tecido no murmúrio solene, do ultimo desejo, porem, o samba não acaba quando o compositor termina o derradeiro fraseado, o samba termina somente quando o ultimo ser vivente esqueça definitivamente que um dia certo Noel esteve de passagem nessas redondezas e fez do seu amanha um samba coroado de experiências humanas e ricas.


Alessandro Eliziário Dornelos (Eu mesmo)
22/08/2010




O Poemaparagentedesconhecida recomenda:

Escute essa preciosidade musical, o Mestre Antônio Candeia Filho nas vozes do Terreiro Grande e Cristina Buarque.
Salve as Brasas.

Poemaparagentedesconhecida 20

Foto de Renata Reis
O senhor, o terno e o cobertor.
Cada um carrega um andor.
Onde forem todos saberão.
‘’Três mundos passaram por aqui’’.
21/08/2010

Dedicado a esses seres humanos vistos na fotografia.

Poemaparagentedesconhecida 19


Nomes escritos a céu aberto.
Marcella não é uma reles mulher.
É alguém que dita os sentimentos em depoimentos espontâneos.
Escancarando o que se passa na sua intimidade.
Gritando um sussurro nos cantos da cidade urbanóide.
Fazendo do cimento uma arte que sempre parte dos seus versos mais profundos.
Dedicado a Marcella e Dilsin.
21/08/2010

Poemaparagentedesconhecida 18

O homem brigava com o mar.
Não lhe faltava calcanhar.
Nem par de pernas pro ar.
Querendo ser maior que o mar jamais se esqueceu de amar as águas luzidas.
E embora o embate fosse desleal.
O pulo no enfrentamento aquoso transcorria a golpes de capoeira.
E a poeira saída dos pés do homem eram apagadas pelas ondas.
Deixando apenas a face molhada de acalanto.
E a certeza de que não se pode confrontar a mulher dos cabelos ondulados e azuis. Por fim.
A Mulher-Mar só se deixa abater no duelo empreendido por seus filhos brigões.
De pulmões e gingas repletas de umidade.
21/08/2010
Dedicado á esse homem que ''brigava'' com o mar na Praia de Amaralina.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Poemaparagentedesconhecida 17

Quem carrega a bandeira azul berrante.
Leva consigo uma bicicleta ambulante.
E mesmo calada possui um berrante.
Anunciando por onde trafega o seu fiel semblante.

A bicicleta parada.
Tem nessa brasileira uma aliada alada.
Tremulando a bandeirola azul na terra gramada.
Onde outros passos pisaram nessa jornada.

A bicicleta leva o vento no volante metalizado.
Enquanto ela, a brasileira de silêncio amenizado.
Faz campanha no convencimento caramelizado.
Deixando o coração e a alma de lado.
10/08/2010
Dedicada á essa brasileira que segura a bandeira de partido político nas eleições.

Atenção!!!!!

O Poemaparagentedesconhecida abre espaço para os leitores do blog.Caso alguém queira que seja feito um poema para qualquer desconhecido é só mandar a foto através do e-mail bazakamg@hotmail.com.É uma parceria conjunta, mandem as fotos que eu escrevo o poema para os ilustres desconhecidos.Abraços.Ps: Grande abraço para Jéssica Valeriano que comentou no orkut sobre o Poemaparagentedesconhecida.
http://www.myspace.com/jessicabvaleriano

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Poemaparagentedesconhecida 16

Yara.
Sara logo, sara.
E te prepara.
A lua clara vem vindo.
Portanto, coloque um vestido lindo.
E seja bem mais bela que a noite.
06/08/2010
Dedicada á Tia Yara.

Agradecimento do Poemaparagentedesconhecida.

(Da esquerda para a direita os Mestres: Carica, Rafael Galego, Fernando Paiva_ com a camisa do goleiro Barbosa do Vasco da Gama_ e Tuco_Fernando Pellegrino Rodrigues Luzirão)

Quero agradecer imensamente aos comentários do meu Mestre Carica e de sua esposa sobre a leitura do PoemaParaGenteDesconhecida.
Obrigado mestre por gastar seu tempo com minhas humildes palavras.

Poemaparagentedesconhecida 15


Se esse pandeiro falasse.
Talvez o mundo se calasse.
Para ouvir o que já foi dito.
Nas vozes dos grandes mestres.
06/08/2010


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Poemaparagentedesconhecida 14

Seria muito pior.
Se as palavras não tivessem nascido.
Sem elas, a voz que tenho tido.
Seria inexistência mor.
Seria muito pior.
O mundo sem pratinelas.
Sem couro, sem mãos batendo nelas.
Seria muito pior.
Seria muito pior.
Se a corda do cavaquinho não fosse inventada.
O som do mundo seria bem menos que nada.
Seria muito pior.
03/08/2010 Dedicado a Rafael Lo Ré de São Paulo.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Poemaparagentedesconhecida 13

Chapa.
Chapa pensador.
A incerteza chapando os cotovelos.
No boné que esconde seus cabelos.
Dia trabalhador.
Chapa.

Chapa.
Descarrega.
Caminhões, sacarias, sonhos.
Semblante de céus tristonhos.
Desassossega.
Chapa.

Chapa.
Perseverante.
No mesmo ‘’bat’’ canal habitual.
A marmita embrulhada no jornal.
Paralisante.
Chapa.

Chapa.
Esperança.
Escrita no banco de alvenaria.
Suor herdado na dobra do dia.
Andança.
Chapa.

23/07/2010
Dedicado ao ‘’Chapa’’ que tem como ponto o Parque Fernando Costa, um homem que vive na espera de novos carregamentos, oportunizando a sua digna sobrevivência.
Meu respeito e minha admiração.


Poemaparagentedesconhecida 12


Menino sentado.
Joelho dobrado.
Mão no alambrado.
Olho vidrado.

O que será que ele pensa!
Da vida, da crença.
Faz ou não diferença.
A realidade que se adensa.

Menino sentado.
Corpo emoldurado.
A terra ao seu lado.
Chinelo dobrado.

O que será que ele vê!
Super heróis da tv.
Fadas ninando bebês.
Afinal, quem ele já deixou de ser?


23/07/2010
Dedicado a esse menino de olhares compenetrados.

domingo, 18 de julho de 2010

Poemaparagentedesconhecida 11


Carroceiro.
Pastagem silenciosa.
Grama saborosa.
Na boca do seu companheiro.

Rédeas soltas, libertas.
A carroça estática.
Mas na prática.
As rodas têm asas, porem encobertas.

Tempo retardo.
A eternidade em cada mastigada animal.
Tempo de ver o relevante e o banal.
Acertando as compreensões sem dardo.

Camisa branca ao vento.
Corda, crinas, pneus.
Profundidade humana de um deus.
Na pele operaria do seu sustento.


23/07/2010
Dedicado ao ilustre carroceiro do Bairro Boa Vista.








sexta-feira, 16 de julho de 2010

Poemaparagentedesconhecida 10


Senhora.
Olhar atento ao tempo passante.
Brincos que adornam o semblante.
Instantes presos nas estantes das indagações.
Mãe dos poemas envolventes.
Dentes escondidos.
Brilhantes de palavras sob a pronúncia escondida.
Dividindo a foto de roupa passada com meu pensamento mal passado.

16/07/2010

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Poemaparagentedesconhecida 9

Quem veio, trouxe o receio ou a alegria?
Será que a ida foi sem choro.
Ou um coro de olhares seguiram que partiu?
Indagações instigantes.
Como será o nome dessa pessoa!
Sentada num banco de onibus em plena estrada dantesca.
Era solteira ou casada?
Tinha filhos ou nem ventre tinha?
Quem era essa pessoa?
Sonhadora ou pé no chão?
Um bilhete de passagem pode dizer certas verdades.
Ele_ o bilhete_ foi encontrado no pé de uma praça.
Sem graça, todo sujo e abandonado.
Minha mão o achou e carregou para o scaner das transparências.
O botão de digitalizar deu-lhe outro sentido.
Agora ele vive.
Sobrevive para contar as estórias de quem o desprezou.
Setenciando ao esquecimento o papel dessa gente desconhecida.


12/07/2010 Dedicado a(o) ?

Essa passagem foi encontrada na Praça Jorge Franje, Uberaba MG.

domingo, 11 de julho de 2010

Poema Para Gente Desconhecida 8

Vendedor de bala de goma.
Bala de cor.
Objeto mastigável na noite densa.
De bar em bar.
De mesa em mesa.
Demétrio oferece bala de goma.
Mas não se rende.
A alma intacta é bem mais doce do que o doce que ele vende.
11/07/2010 Dedicado ao Demétrio.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Eu mesmo.
Salve Mangueira.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Poema Para Gente Desconhecida 7

A Aina mora aqui.
Aqui do lado.
No bom bocado do riso.
Nem é preciso dizer nada.
O olhar dessa menina sentencia os diálogos.
Veste a roupa de Rainha prematura.
E a altura dessa realeza.
É do tamanho do seu infinito futuro.

6/7/2010 Dedicada á Aina, menina linda que nunca vi de perto, mas que já morro de amores por ela.

Poema Para Gente Desconhecida 6



Bandeirinha.
Mulher solta nos campos de machezas.
Cabelos libertos diante das asperezas dos cravos das chuteiras.
Perfume que transfigura o jogo.
Traz o logo e o tipo dos envolvimentos sublimes.
Não há time ou times que não cedam ás suas bandeirolas.
Esse seu toque de mulher desvia as atenções.
Homens esquecem os gols.
Adiam as comemorações.
Tendo os olhos grudados no lance, no seu relance.
Fique aqui, eternamente faceira.
Fazendo do futebol uma brincadeira recriada.
Em cada bandeirada.
Em cada desfile gracioso do seu passo flutuante.
6/7/2010 Dedicada á essa bandeirinha.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Poema Para Gente Desconhecida 5

Camisa Nove.
Novamente a amarelinha, que não é minha, desfila altiva.
Viva a pátria de chuteiras.
Dos campinhos de terra de molecotes de pés descalços.
Dos shorts puídos.
Da fome da pelota.
Enquanto a maloca onde vive, vive outro jogo.
O jogo do embate contra a sensação esfomeada do prato sem feijão.
O arbitro injusto não marca pênalti diante da falta.
Falta de esperança.
Falta de futuro.
Falta da falta.
É difícil bater escanteio e marcar o gol.
O molecote precisa de inúmeros dribles perante os carrinhos maldosos.
Perante á indiferença do bandeirinha.
Perante os clamores da torcida contrária.
E o gol?
O gol foi anulado injustamente.
E a derrota vem com aplausos absurdos.
O molecote da camisa Nove é implacável.
A partida não acaba nas quatro linhas.
Sua vida tem traços bem maiores que os da realidade que se impõem.
O campo é infinitamente mais extenso do que aquele diagramado dos estádios.
O sonho desconhece as tristezas.
E num dias desses, sem bola e chutes.
A camisa Nove do esquecido.
Terá tido o valor de quem vive no torneio dos enfrentamentos.
Dedicado ao Camisa Nove do meu Brasil.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Poema Para Gente Desconhecida 4

Senhor de um céu.
Miguel.
O homem que desconhece as estórias só no papel.
Miguel.
Quem cobre a vida com um véu.
Miguel.
Ao mesmo tempo tintila palavras infindas no mundaréu.
Miguel.
Quem é Miguel?
É o dito Esposito.
O Miguel que é figura do tempo.
E que guarda na cachola, documentos.
Dos dias que jamais voltarão.
Dedicado ao Sr Miguel Esposito do Teatro Guaíra, Curitiba PR.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Poema Para Gente Desconhecida 3


Herói esverdeado.
Homem de vestes aguerridas.
Sua pele traz um passado de nobreza histórica.
És o capitão da Congada, do Congo e do Congá.
General dos ritmos negros.
Chefe do clã das memórias oceânicas.
Brada a voz dos clamores urgentes.
Gente que faz das gungas um alarido de protesto.
E da cor um manancial.
Onde bebemos nossa origem.
25/05/2010
Dedicado ao participante do terno de Congada em Uberaba.


domingo, 23 de maio de 2010

Mandamentos do ''Poema Para Gente Desconhecida".

1.Toda pessoa merece receber um poema em vida. Que esse poema bem como suas palavras transmita a historicidade e o valor pessoal de cada ser vivente.

Poema para gente desconhecida 2.

Foto: Renata Reis
Uma garrafa pet.
Um brinquedo que diverte o tempo.
Os pés, o entulho.
Um embrulho citadino.
Que diz em letras agigantadas o anuncio da realidade.
Lá vem o menino que arranha.
O meu verso com sua teia de aranha.
O caminho diante do sol calcula corpos vestidos.
E um tecido descamisado.
Sob a pele do meu herói pequenino.
24/05/201o
Dedicado aos meus camburés que tanto observo. Mesmo sem saber seus nomes.

sábado, 22 de maio de 2010