Esse menino chorou quando sua primeira pipa foi laçada por uma mão mais hábil, essa pipa na foto é sua segunda companheira voadora. O que me chamou atenção é que na sua chegada na praia, pouco importava o mar com suas ondas febris, nem tampouco o sol alardeado de ardumes, esse menino olhou para o ar, para o céu, para o infinito, sequer sentiu fome, sede, apenas a vontade ininterrupta de empinar a brincadeira de rabiola mantinha-o no firme propósito de viver o final de semana na lotação espremida e litorânea da areia castigada por passos desnudos e apressados.
Sua mãe tentou os chamamentos bravios, o menino só ouvia a pipa cantando suas proezas, a fala do objeto feito de papel e bambu emocionava as ações dos comandos manuais, ninguém naquela percebia, mas acontecia no campo silencioso uma conversação, uma gritaria, que somente os meninos de corações puros podem entender a linguagem secreta.
E assim, uma pipa dizia a outra:
_Vou quebrar sua vareta!
_Vou cortar sua rabiola_ Respondia a pipa em outro ponto da praia.
_O mar tá gigante!
_Tá nada, o meu menino tá mais_ Respondia a pipa do menino da fotografia.
Pipas dizem coisas belas, mas elas só o fazem a quem admite ter ouvidos, crianças grandes que jamais perderam o sentimento juvenil, a sensação de importar com as pequenezas tratando-as com o devido valor. Escutem as pipas, faça como esse menino, deixe que a vida alimente suas esperanças no dia que ainda nem nasceu, faça rabiolas extensas e use-as como caudas ''pavonescas'' a fim de conquistar seus sonhos.
Obrigado menino pelo ensinamento....
17/02/2011
Praia de Mongaguá SP
