quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Poemaparagentedesconhecida recomenda: Wander Piroli



Biografia
Wander Piroli
Nasceu em 1931, em Belo Horizonte, MG. Jornalista e escritor, começou na literatura ao inscrever, em 1951, um conto num concurso da prefeitura. Era O Troco.
Ganhou o concurso e não parou mais. Publicou seu primeiro livro de contos, A Mãe e o filho da Mãe, em 1966, pela Imprensa Oficial, um dos marcos de sua carreira. Inciou como ficcionista escrevendo para adultos, no entanto, foi na literatura infanto-juvenil, a partir da publicação de O Menino e o Pinto do Menino (1975), que o seu nome ficaria ainda mais conhecido.
A história, uma das mais comoventes do gênero já escritas no País, surgiu em 1972, quando o seu filho Bumba, então no jardim da infância, ganhou um pinto e o levou para casa. Chateado com a inesperada situação, pois viu que o bicho iria morrer. O livro teve até hoje mais de 30 edições. No ano seguinte publicou uma história infantil, Os rios morrem de sede, com o qual ganhou o Prêmio Jabuti de 1977. Estes dois últimos livros forma traduzidos para o búlgaro. Ainda para crianças e adolescentes, publicou Macacos me mordam (1978); Os dois irmãos (em 1980) e Nem pai educa filho (1998). Um fato interessante na sua carreira literária é que embora tenha estreado na literatura com um livro dirigido ao público adulto, em 1966, só voltaria a escrever para gente grande em 1980, quando lançou A Máquina de Fazer Amor. Cinco anos depois, também no mesmo gênero, saiu Minha Bela Putana, pela Nova Fronteira, do Rio, ao qual se seguiu o volume Os Melhores Contos de Wander Piroli, que foi lançado pela Global, em 1996. Apesar de celebrado por seus pares, amigos como João Antônio, Fernando Sabino, Antonio Torres, Ari Quintella e Roberto Drummond, ele amargou um certo ostracismo nas últimas décadas de vida. Faleceu em 06/06/2006.



http://www.tirodeletra.com.br/biografia/WanderPiroli.htm26/08/2010 02:02



Poemaparagentedesconhecida 21

O senhor trouxe as folhas que lavou meu sangue diante do Sangalavô.
Suas mãos precipitavam um ar de Malva Cheirosa.
O tempo inteiro os pés de Dendezeiro balançavam ventos inquietos.
Depois percebi que era um sopro vindo de Angola, do Congo, do Alecrim do Campo.
O meu verso submerso nas raízes da Embaúba fizeram do Chapéu de Couro um estouro esverdeado.
O São Gonçalinho forrou o chão de pisadores, de dores, de amores, de clamores negros.
A Gameleira Branca Abranda Fogo, abranda tristeza, Comigo ninguém pode.
O senhor das folhas quinou meu destino nos pés do Pai Katendê.
Ele viu meu sorriso amargo e adocicou meus passos futuros.
Nasci das suas ervas, das canções que incluíam manjericões roxos e guinés.
Deitei-me no tapete de Oxalá olhando as patas de vacas floridas.
As folhas foram minhas guaridas em mundo tão cru.
Enfeitei-me de Pinhão Roxo, Mamona e Papo de Peru.
O Senhor das folhas vestiu seu melhor traje.
E falou palavras que eu desconhecia.
Só soube do seu sentido quando enfim havia sentido as suas mãos de natureza.



Dedicado ao Tata Ixiângue.
Meu respeito, meu amor, minha consideração a quem aprendi a admirar.
Queria ter conhecido o senhor a mais tempo.
Grande abraço e feliz aniversário.
26/08/2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Tributo do Poemaparagentedesconhecida ao Centenário de Noel de Medeiros Rosa.


Noel Rosa

Noel de Medeiros Rosa nasceu nos recantos onde o samba gorjeava um lirismo profundo, sua musica tornou-se um elo forte e consistente entre o morro e as sonoridades do asfalto, sua personalidade transcendeu estigmas, rótulos ou quaisquer definição a respeito do homem nascido no terreiro de Vila Isabel.
O samba surgido dos cânticos negros, ferramenta de resistência em território inóspito onde a africanidade ressurge em cada batuque, em cada sincopado, em cada pernada carioca, em cada surdo, é agora reinterpretado pelas mãos audaciosas e pelo rosto de alguém com a mandíbula afundada nas composições rodeadas de maestria, seja nos versos ou nas melodias concebidas no parto regado a noitadas e cantos boêmios.
Muitos escolhem o samba, mas poucos são escolhidos, a classe media de Noel não foi empecilho para que ele próprio vestisse os ardonos que tanto lhe caíram bem, a aura de sambista nato foi à responsável pela criação segura de palavras imortalizadas, o tempo conseguiu cristalizar na memória a personificação de alguém que soube extrair do violão, do bandolim, das cordas vocais um encantamento profundo e sagaz.
A entrada na Faculdade de Medicina e sua inconclusa finalização deram prova de como um chamado invisível torna-se uma reviravolta presencial, a presença nos botequins revestida de inspirações cotidianas e urbanas impregna-se no imaginário de Noel, ele á sua maneira canta as mazelas, as tragédias e, sobretudo a atuação de gente simples e oriunda do Salgueiro, Mangueira e tantos outros redutos periféricos.
Falar de Noel é abrir um leque de variedades, a vastidão dos seus incansáveis temas passeia desde a influência do Positivismo até as brigas musicais com Wilson Batista, a malandragem assumiu em Noel outra característica, não o da personificação visual, mas sim o simples modo de encarar a vida com seus obstáculos e tentáculos que dilaceram as camadas pobres do seu Rio de Janeiro.
A busca pela próxima empreitada musical vinha da analise dos pequenos e dos grandes acontecimentos vistos através de suas lentes, na mente de Noel um episodio comum transformava-se em uma declaração pessoal, isso fica exemplificado quando sua mãe esconde suas roupas sem a mínima possibilidade de ir ao baile, nascia assim à composição ‘’Com que Roupa’’ e ao mesmo tempo ele _Noel_ colocava em pratica o exercício de modificação das coisas mais singelas em perolas requintadas.
A tuberculose insinuou seus últimos suspiros, mesmo a prescrição medica que o sugeria um clima mais propicio á sua condição doentia, nem as recomendações que decretavam o fim do uso de cigarros, bebidas e samba, nada disso importava ao universo de Noel Rosa, pois seu pior sofrimento era o impedimento de circulação onde ele mais se sentia bem, não sentar a beira da mesa e observar atentamente as cabrochas é como tirar o coração de um homem que vislumbrava a apoteose das desgraças num mesmo lugar.
Como se não bastasse à fornalha de invenções musicais, Noel vendeu inúmeras letras a quem a voz conhecida do radio assumia a paternidade esquecendo-se do principal criador, gente como Mário Reis e Francisco Alves tornaram-se porta-vozes dos ares corrompidos de estrofes perambulantes nos caminhos de navalhas, chapéus panamá e lenço branco.
Havemos de lembrar-se do pessoal do Estácio, do Mano Edgar, Bide, Marçal, Brancura, da Portela de Paulo Benjamim de Oliveira, de Ventura, Alvaiade, Francisco Santana, do Salgueiro de Noel rosa de Oliveira, Geraldo Babão, Anescar, Antenor Gargalhada, do Império Serrano de Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola, Mestre Fuleiro, Molequinho, e havemos de lembrar-se do Noel Rosa, centenário e figura permanente nas rodas de conversa onde a prosa que circula de boca em boca retrata o passado de um homem que não conseguia ser egoísta, e dividia sem miséria a sua voz eloqüente.
Noel rosa das Lindauras, das Cecis, das mulheres faceiras com seus vestidos endiabrados, da fita amarela que ainda tem o mesmo balanço nas cadeiras, do feitiço da vila arrastando multidões sob a tutela do ritmo negro. Noel dos gagos apaixonados, do feitio de oração tecido no murmúrio solene, do ultimo desejo, porem, o samba não acaba quando o compositor termina o derradeiro fraseado, o samba termina somente quando o ultimo ser vivente esqueça definitivamente que um dia certo Noel esteve de passagem nessas redondezas e fez do seu amanha um samba coroado de experiências humanas e ricas.


Alessandro Eliziário Dornelos (Eu mesmo)
22/08/2010




O Poemaparagentedesconhecida recomenda:

Escute essa preciosidade musical, o Mestre Antônio Candeia Filho nas vozes do Terreiro Grande e Cristina Buarque.
Salve as Brasas.

Poemaparagentedesconhecida 20

Foto de Renata Reis
O senhor, o terno e o cobertor.
Cada um carrega um andor.
Onde forem todos saberão.
‘’Três mundos passaram por aqui’’.
21/08/2010

Dedicado a esses seres humanos vistos na fotografia.

Poemaparagentedesconhecida 19


Nomes escritos a céu aberto.
Marcella não é uma reles mulher.
É alguém que dita os sentimentos em depoimentos espontâneos.
Escancarando o que se passa na sua intimidade.
Gritando um sussurro nos cantos da cidade urbanóide.
Fazendo do cimento uma arte que sempre parte dos seus versos mais profundos.
Dedicado a Marcella e Dilsin.
21/08/2010

Poemaparagentedesconhecida 18

O homem brigava com o mar.
Não lhe faltava calcanhar.
Nem par de pernas pro ar.
Querendo ser maior que o mar jamais se esqueceu de amar as águas luzidas.
E embora o embate fosse desleal.
O pulo no enfrentamento aquoso transcorria a golpes de capoeira.
E a poeira saída dos pés do homem eram apagadas pelas ondas.
Deixando apenas a face molhada de acalanto.
E a certeza de que não se pode confrontar a mulher dos cabelos ondulados e azuis. Por fim.
A Mulher-Mar só se deixa abater no duelo empreendido por seus filhos brigões.
De pulmões e gingas repletas de umidade.
21/08/2010
Dedicado á esse homem que ''brigava'' com o mar na Praia de Amaralina.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Poemaparagentedesconhecida 17

Quem carrega a bandeira azul berrante.
Leva consigo uma bicicleta ambulante.
E mesmo calada possui um berrante.
Anunciando por onde trafega o seu fiel semblante.

A bicicleta parada.
Tem nessa brasileira uma aliada alada.
Tremulando a bandeirola azul na terra gramada.
Onde outros passos pisaram nessa jornada.

A bicicleta leva o vento no volante metalizado.
Enquanto ela, a brasileira de silêncio amenizado.
Faz campanha no convencimento caramelizado.
Deixando o coração e a alma de lado.
10/08/2010
Dedicada á essa brasileira que segura a bandeira de partido político nas eleições.

Atenção!!!!!

O Poemaparagentedesconhecida abre espaço para os leitores do blog.Caso alguém queira que seja feito um poema para qualquer desconhecido é só mandar a foto através do e-mail bazakamg@hotmail.com.É uma parceria conjunta, mandem as fotos que eu escrevo o poema para os ilustres desconhecidos.Abraços.Ps: Grande abraço para Jéssica Valeriano que comentou no orkut sobre o Poemaparagentedesconhecida.
http://www.myspace.com/jessicabvaleriano

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Poemaparagentedesconhecida 16

Yara.
Sara logo, sara.
E te prepara.
A lua clara vem vindo.
Portanto, coloque um vestido lindo.
E seja bem mais bela que a noite.
06/08/2010
Dedicada á Tia Yara.

Agradecimento do Poemaparagentedesconhecida.

(Da esquerda para a direita os Mestres: Carica, Rafael Galego, Fernando Paiva_ com a camisa do goleiro Barbosa do Vasco da Gama_ e Tuco_Fernando Pellegrino Rodrigues Luzirão)

Quero agradecer imensamente aos comentários do meu Mestre Carica e de sua esposa sobre a leitura do PoemaParaGenteDesconhecida.
Obrigado mestre por gastar seu tempo com minhas humildes palavras.

Poemaparagentedesconhecida 15


Se esse pandeiro falasse.
Talvez o mundo se calasse.
Para ouvir o que já foi dito.
Nas vozes dos grandes mestres.
06/08/2010


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Poemaparagentedesconhecida 14

Seria muito pior.
Se as palavras não tivessem nascido.
Sem elas, a voz que tenho tido.
Seria inexistência mor.
Seria muito pior.
O mundo sem pratinelas.
Sem couro, sem mãos batendo nelas.
Seria muito pior.
Seria muito pior.
Se a corda do cavaquinho não fosse inventada.
O som do mundo seria bem menos que nada.
Seria muito pior.
03/08/2010 Dedicado a Rafael Lo Ré de São Paulo.