quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Poemaparagentedesconhecida 21

O senhor trouxe as folhas que lavou meu sangue diante do Sangalavô.
Suas mãos precipitavam um ar de Malva Cheirosa.
O tempo inteiro os pés de Dendezeiro balançavam ventos inquietos.
Depois percebi que era um sopro vindo de Angola, do Congo, do Alecrim do Campo.
O meu verso submerso nas raízes da Embaúba fizeram do Chapéu de Couro um estouro esverdeado.
O São Gonçalinho forrou o chão de pisadores, de dores, de amores, de clamores negros.
A Gameleira Branca Abranda Fogo, abranda tristeza, Comigo ninguém pode.
O senhor das folhas quinou meu destino nos pés do Pai Katendê.
Ele viu meu sorriso amargo e adocicou meus passos futuros.
Nasci das suas ervas, das canções que incluíam manjericões roxos e guinés.
Deitei-me no tapete de Oxalá olhando as patas de vacas floridas.
As folhas foram minhas guaridas em mundo tão cru.
Enfeitei-me de Pinhão Roxo, Mamona e Papo de Peru.
O Senhor das folhas vestiu seu melhor traje.
E falou palavras que eu desconhecia.
Só soube do seu sentido quando enfim havia sentido as suas mãos de natureza.



Dedicado ao Tata Ixiângue.
Meu respeito, meu amor, minha consideração a quem aprendi a admirar.
Queria ter conhecido o senhor a mais tempo.
Grande abraço e feliz aniversário.
26/08/2010

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